domingo, 4 de dezembro de 2011

Fingir que não existo

As cores vão perdendo sua tonalidade
Pouco a pouco
Os sons vão diminuindo sua intensidade
Pouco a pouco

Pouco a pouco
Meu corpo adormece
Pouco a pouco
Os pensamentos vão se apagando

Sei que o mundo não deixará de existir
Mas talvez eu possa deixar
Me pergunto o que exatamente eu sou
Fruto de impulsos, instintos, conjecturas, metas

Sem luzes, elas se apagaram
Sem sons, eles foram abafados
Sem impulsos e instintos, eu os sufoquei
Sem conjecturas e metas, eu as esqueci

Ao fim... sobrou eu e o vazio
Mas eu... Apaguei
Me fiz um com o vazio
E aqui é tão confortável

Aqui não há mais negações
Ou sacrifícios
Incômodos ou julgamentos
Não há mais a cacofonia ou a dor

Talvez fique aqui mais algumas horas, dias ou semanas
Talvez eu não consiga voltar quando eu quiser, se quiser
Mas eu sabia o que queria quando comecei
E sabia das consequências

Afinal
Nunca é tarde para parar de apostar no pôquer...