Certo momento as palavras se tornam escassas
Sem mais boas metáforas
Ou boas colocações
Não há mais nada a ser dito
Já se atingiu o ápice
Daqui para frente
Não há mais fulgor na melancolia
Sem charme ou glamour
Só morro a baixo
Num lento e excruciante declínio
Uma hora ficaria só a tristeza
E nem as mais brilhantes palavras lhe salvariam
Mas elas se quer existem
O amargor corroeu o pouco talento que você tinha
E o desalento lhe privou de todo o resto
Olhando esse "poema"
Fácil notar que ele é digno de pena
Comparado a qualquer outro poema seu
Mas você sabe
Não poderia ser diferente
A angustia selou seus lábios
A desesperança sugou-lhe o fôlego
A melancolia escureceu a visão
O torpor tomou conta do seu corpo
São palavras de alguém energia para existir, quanto mais
escrever
Ao fim a morte chegou prematuramente
Não da maneira esperada, da maneira normal
E sugou-lhe a vida até só sobrar a melancolia e um torpe
autômato
Como um corpo morto que ainda caminha errante
Num reflexo de seu passado vivo, tentando se mesclar em
morte a um mundo de vida