quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Por trás das trevas

A noite é clara
A luz Dela é fria

É o meu reflexo no espelho
Meu reflexo verdadeiro
Agora está tudo revelado

A luz fria queima minha pele
Meu corpo se contorce
As correntes não podem me prender
Sinto o segundo despertar

Desejos e demônios que jaziam nas trevas
Ascendem saindo do abismo escuro

Minha visão se torna distorcida
Os instintos uivam no lugar do pulsar do meu coração
A sede me queima por dentro

Minha visão não enxerga mais limites
A insânia bestial me transforma em um deus
Tudo abaixo das minhas patas
O imperador perdido no abismo entre a besta e deus

A casca que ocultava
Queima com o despertar

A doce melodia vem a mim
Começo minha obcecada caçada
Uivos anunciam minha marcha

Com suas calmas notas
Consigo contemplar minha presa
Seu corpo dançando
Como um desejo que brilha nas chamas

Os cheiros tocam uma melodia
Que só ele pode sentir

Meu rastro arde como o inferno
Agora quem esteve no meu caminho não passa
De memórias por terra

A sinfonia do horror que me anuncia
Perfura a noite
Fazendo tremer a terra
E gelar a tua espinha

Ele esta lá
Por trás das trevas

Olhe para onde havia trevas
Agora a luz ilumina
Contemple a face do caos

Meus filhos cantam
Enquanto te rodeiam
Eles bailam a tua volta
Sabem que você não pode correr

A cortina negra queimou
O fogo destrói tudo que toca

Você me olha nos olhos
Sabe que deve correr
Mas quer sentir as chamas que só eu posso acender

Tenta retroceder
Mas não consegue se afastar
Meus olhos de predador te fascinam
Mas sei que aprendeu a lutar contra isso

Propostas irrecusáveis
Ele conhece cada palmo do que você tenta esconder

Tenta lutar contra mim
Empunha uma espada de prata
Mas não consegue me ferir

Sabemos os dois que um golpe a mim
Seria um golpe a ambos
Mas você está lá sem se render
A eterna caça

A presa que eu sempre busquei, para mim
O desejo que clama para ser saciado, para você

Na nossa insana dança
Cruzamos a noite
A luz fria começa a sumir no horizonte

O furor começa a virar cinza
O deus bestial começa a sumir nas trevas
Agora como homem ele jaz nos braços dela
Com a máscara de trevas ele ocultará sua verdadeira face
Até o próximo despertar

Instintos

Às vezes me deixo cair
No precipício dos teus olhos
Aqueles tão provocantes
Aqueles que chamam os homens
Para seu derradeiro gemido

Algo grita na minha mente
Que a qualquer momento o predador
Pode virar presa
E que estou sendo vítima
De meu próprio feitiço

Você fala que algo em mim te prendeu
Lá no fundo eu me pergunto
Será que eu sem querer também
Nom me prendi a você?
Pergunto-me, para onde foi meu instinto de sobrevivência e meu orgulho?

Vejo olhos alheios
Olharem com cobiça para você
Como leões famintos
E isso mexe com cada impulso dos meus instintos
Você realmente mexe com eles de um jeito inexplicável

Mesmo sendo “minha”
Não se curvou a mim
Um dos sórdidos detalhes mais deliciosos em tudo o que temos
Afinal me diga qual a graça
De uma presa abatida?

Se você se jogasse aos meus pés
Como poderíamos continuar dançando
O nosso jogo onde um tenta em vão superar a si mesmo
E ao outro?
Às vezes não jogamos para ganhar, mas sim para aproveitar.