segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Do início ao fim

Do pó ao pó
Da terra a terra
Da poesia a poesia

Vem a mim e me possui, faz de mim teu receptáculo
Mata-me, destrói-me, lacera-me
Dá-me a vida, dá-me a morte
Da deusa apaixonada,
Dá-me o carinho!
Grito tomado por soberbo frenesi

Minha caneta grita minha loucura
Assim como rugem os machados
Dos Peles de Urso*

Minha mão tremula
Minha nuca arrepia
Escrevo como o enfermo desesperado
Escreve seu testamento
Sinto o poder de cada onda e o peso de cada pedra
Sinto poder desafiar os panteões

Um com cada virtude
Um com cada pecado
Alfa e Omega em um

Transbordando do meu espírito e da natureza
Pela minha caneta
Traços e gotas de tinta
Que são na verdade poesia
Que aos pouco se corrompe
Tornando-se poema

Aos mal ditos olhos
Às bem ditas bocas
Aos, tanto, mal ditos e bem ditos ouvidos

Quais olhos lerão deste poema?
Quais olhos transformá-lo-ão
Em poesia?
Como poema ecoará no tempo e espaço
Mas sua essência emergirá do mausoléu onde se encontra
Em poesia, na hora certa e ao deus certo.

Do pó ao pó
Da terra a terra
Da poesia a poesia.

Um comentário:

Alexander Atrum Luna disse...

*Peles de Urso - Tradução alternativa que escolhi para Berserkers (ou Berserk) eram guerreiros nórdicos que entravam em fúria assassina durante as batalhas, o termo deriva do fato destes guerreiros usarem peles de urso como roupas nas batalhas, reza a lenda que quando eram tomados pelo frenesi, deixavam de sentir dor e causavam extremo terror nos seus oponentes. Tradução literal seria: "Camisa de Urso" ou "Capa de Urso"